História

Após a expulsão dos holandeses, resolveu o Major Luís do Rego Barros, em 1681, construir sobre as ruínas do Forte das Salinas, uma capela sob a invocação de Santo Amaro das Salinas.
Esse reduto holandês foi tomado pelos Pernambucanos em 15 de Janeiro (dia de Santo Amaro) de 1654, doze dias, portanto, antes da rendição dos batavos. No local do antigo Forte existiam umas salinas.
O Bairro de Santo Amaro receberia o seu primeiro cemitério em 1814, no terreno doado pelo Governo, ao Cônsul Inglês, sendo o mais antigo do Recife, trata-se do "BRITISH CEMETERY", popularmente conhecido como Cemitério dos Ingleses, onde foi sepultado em março de 1869 o General Abreu e Lima, filho do Padre Roma, mártir da Revolução de 1817.
Negaram-lhe sepultura no cemitério público - ordens do senhor Bispo Cardoso Ayres - porque o general mantivera polêmica sobre a maçonaria e religião, com o Monsenhor Pinto de Campos.
Em 1° de março de 1851 passa a funcionar no mesmo Bairro, o mais importante Cemitério Público de Pernambuco, Cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção (Cemitério de Santo Amaro)construído num terreno comprado, uma parte pelo governo e outra cedida, gratuitamente, pelo seu proprietário, Norberto Joaquim José Guedes.
Na gestão do Prefeito Augusto Lucena, recebeu o cemitério um considerável aumento em seu espaço físico, bem como outros melhoramentos, (pavimentação e iluminação de algumas ruas).
A bonita capela, existente no interior do Cemitério, foi concluída em 1855, sendo projetada pelo Engenheiro Mamede Ferreira.
Existem, no interior dessa necrópole, túmulos dos mais variados, alguns verdadeiros monumentos ou mausoléus entre os quais destacamos:
Os de Joaquim Nabuco, José Mariano, Agamenon Magalhães, Nunes Machado e do Conde da Boa Vista, entre outros.
O Bairro de Santo Amaro, não tem apenas cruzes do cemitério que lhe deixaram famoso, como uma de suas principais artérias destacamos a Av. Norte, a Av. Cruz Cabugá, herói da revolução de 1817, que viajou para os Estados Unidos numa missão diplomática (a primeira do Brasil) que objetivava comprar armamentos e conseguira adesão Norte Americana ao novo Governo Revolucionáio implantado em Pernambuco. O nome "Cabugá" vem do pai desse herói que, ainda menino, perguntava aos fregueses de seu genitor que negociava com ouro, operação chamada então de "exbugar": __ Qué Bugá? daí o apelido que virou nome da família.
Santo Amaro, na segunda metade do século XIX, passou a ser chamada de "Cidade Nova" porém poderia, com muita propriedade, ser chamada de "Cidade" dos "Novos" Cemitérios.
Em 23 de Junho de 1866, o Coronel José Gonçalves Ferreira da Costa solicitou provisões para erguer, na localidade, uma capela sob a invocação de N.S. da Piedade. Em 1904, era então celebrada a primeira missa na nova Igreja de Nossa Senhora da Piedade, no antigo Sítio do Araça, (atual Rua Cap. João Lima), ficando a freguesia da localidade com a denominação de "Nossa Senhora da Piedade de Santo Amaro".
Justamente, por volta de 1940, essa área, fora as obras públicas (cemitérios e hospitais) e templos religiosos, era um aglomerado de cerca de 100 mocambos e pequenas casas com sua população completamente desassistida, vivendo nos alagados, entre coqueiros e lamaçal, em sua maioria pescadores, lavadeiras e costureiras, misturados aos não mais afortunados operários da Tacaruna e pequenos funcionários da Tramways.
Foi nessa localidade que, em 15 de novembro de 1926, iniciou sua missão permanente o Frei Casimiro, nas precárias construções do sítio da macaxeira na grande palhoça, onde surgiu então a Igreja de São Sebastião e a escola que ainda hoje funciona e que tem seu nome.
No final da década de 1930, atendendo insistentes reivindicações do Frei Casimiro, o Internventor Agamenon Magalhães, deu início ao trabalho de humanização da área, procedendo aterros e construindo as necessárias vilas populares, através do Serviço Social Contra o Mocambo que passou a ter sede em edifício construído nesse bairro, na Avenida Cruz Cabugá, onde encontra-se a:

CAPELA DE SANTO AMARO DAS SALINAS

          Esta Capela construída em 1691 que serviu no século passado para referência, junto a Cruz do Patrão, nas manobras de quem chegava ao Porto do Recife, demonstra bem suas antiguidade, pelo seu posicionamento em relação aos prédios e ordenamento das ruas atuais. Em frente a esse importante Templo, cujo padroeiro deu nome ao Bairro, tinha seu dia festejado na segunda semana de janeiro, ficando a área toda iluminada, com brinquedos de Rua, os fogos de artifício, cavalhada, comidas típicas, novenários, quermesses. Tudo era alegria e festa, principalmente na:

PRAÇA GENERAL ABREU E LIMA

Homenagem ao "General das Massas", Luiz Inácio de Abreu e Lima, herói da América do Sul e filho do Padre Roma. Nesse logradouro, também situado na Av. Cruz Cabugá, em frenteà Capela e ao lado do Cemitério dos Ingleses existe um imenso e expressivo painel em azulejos homenageando a revolução de 1817, a Confederação do Equador (1824) e a Revolução Praieira (1848), ali colocado na administração do Prefeito Augusto Lucena.
Nessa praça foi depositado, pelo Presidente da Venezuela, Hugo Chaves, como reconhecimento de seus feitos ao lado de Simon Bolívar, o busto do General Abreu e Lima.
No tanque da Praça ergue-se uma grande estátua de Santo Amaro, obra do escultor Carbiniano Lins.
Ainda na Av. Cruz Cabugá, quase em frente à citada Praça, encontramos o:

MERCADO DE SANTO AMARO

Esse Mercado teve sua construção iniciada, e também concluída, na gestão do dinâmico Prefeito Antônio de Góes Cavalcanti. Tem 692 m², sendo inaugurado em 11 de junho de 1933, no aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, data que é também homenageada pela Praça que fica em frente ao:

PALÁCIO FREI CANECA

Inaugurado em 1967, para servir como Palácio dos Despachos do Governo do Estado, o prédio homenageia o maior herói-mártir Pernambucano Frei JOAQUIM DO AMOR DIVINO CANECA, o nome Caneca vem do apelido de seu pai que era tanoeiro (fazia canecas), ao lado desse edifício temos a Repartição Central da COMPESA e mais para o norte o:

HOSPITAL DE SANTO AMARO

Projeto do Engenheiro José Tibúrcio Pereira Magalhães em estilo neoclássico, construído no período de 1872 a 1892. Quanto ao seu objetivo, teria sido edificado para asilo de mendicidade. Substituído hoje pela Santa Casa da Misericórdia.
A escadaria, arcada e sacada são construídas em pedras vindas de Lisboa.
Em frente a esse nesocômio, beirando quase toda a margem direita da Avenida Cruz Cabugá, vemos várias repartições ligadas à Marinha, como o Hospital Naval, Os Clubes Marisco e dos Cisnes e a Vila da Marinha, para oficiais e graduados daquela Força Armada, destacando-se ainda nas cercanias o Centro de Educação Física Almirante Cocks, o Centro Inter-escolar Almirante Soares Dutra e a Casa do Marinheiro, valendo salientar que essas construções ocorreram após a II Guerra Mundial (1945), além da Escola de Aprendizes Marinheiros (século XIX) e o aterro de toda a área (antigos manguesais), hoje complexa de salgadinho que acabaram por acelerar o processo de invasão do mar no norte de Olinda, que pelo efeito dominó, acabou também prejudicando, não apenas a praia dos Milagres, como também a do Farol, de Casa Caiada, de Rio Doce, do Janga, de Maria Farinha e tantas outras.
Essa localidade teve outro marco de progresso com a construção da Vila das Lavadeiras e de outros incentivos do Governo de Agamenon Magalhães, através do Serviço Social contra o Mocambo, também instalado na Cruz Cabugá.



EMISSORAS DE TELEVISÃO

Santo Amaro foi o grande contemplado para sediar as duas primeiras emissoras de televisão do Norte/Nordeste do País. Entrou no ar, primeiramente a TV Rádio Clube do conglomerado dos Diários Associados e, logo em seguida, em 18 de junho de 1960, a TV Jornal do Commercio, futura líder de audiência no Estado, pertencente ao empresário Francisco Pessoa de Queiroz que, no entanto, é bom frisar, foi ao ar, pioneiramente, em caráter experimental, em 17 de fevereiro daquele ano, com uma pequena mensagem do apresentador Luís Geraldo.
As duas emissoras tinham elenco próprio e geravam programas de alto nível, como: "Noite de Black Tie" aos sábados, sob o comando de Luís Geraldo e "Você faz o show" a cargo do famoso Fernando Castelão. Os teleteatros também faziam sucesso revelando artistas do nível de Rosa Maria, Lúcio Mauro, Arlete Sales, Albuquerque Pereira, Carmen Tovar, Marilene Silva, June Sarita, Lício Moura, Ewerton Visco, Graça Melo, MarleneCavalcanti e os comediantes Agnaldo Silva, José Santana Cruz, Brivaldo Franklin (Zé do Gato), Lula Queiroga, Irandir Costa (Otrópe), Mercedes Del Prado (Dona Felomena) e Luís Jacinto, o conhecidíssimo Coroné Ludugero.

Estúdio da TV Jornal do Commercio


Nesse Bairro também estão sediadas a TV Universitária, no início da Av. Norte, o SENAI, no cruzamento dessa com a Av. Cruz Cabugá; O Hospital Osvaldo Cruz; O teatro e o Ginásio do SESC, o SENAC, e a:

COMPANHIA DE TRANSPORTES URBANOS

No ano de 1957, através da Lei Municipal n° 4.983, foi criada a Companhia de Transportes Urbanos (CTU), uma concessionária exclusiva do transporte urbano, na cidade do Recife.
Com o passar do tempo, essa empresa cresceu ao ponte de quase monopolizar o transporte coletivo em nossa cidade. Seu primeiro impulso veio a partir de 1960 com a inauguração das primeiras linhas dos chamados "Ônibus Elétricos", que marcaram presença na paisagem urbana do Recife.
Justamente no dia 13 de maio, como se fosse uma homenagem à Avenida em que essa companhia se instalou, no Bairro de Santo Amaro, era inaugurada a primeira linha que cobria o trecho Recife/Torre/Madalena, vindo, depois muitas outras linhas como: Casa Amarela, Campo Grande, Fundão e Mustardinha...
A criação da Companhia de Transportes Urbanos pelo Prefeito Pelópidas Silveira foi um divisor de águas entre o controle dos transportes coletivos por uma empresa privada que começou com a "Trilhos Urbanos", impantada pela Ferro Carril, iniciandocom os Bondes a Burro (Eletroburros) depois substituídos, em 1871, pelas fumacentas "Maxambombas". Em 1914, a Empresa Inglesa "Pernambuco Tramsways Power Company", passou a eplorar o sistema de bondes elétricos, que a partir do final da II guerra foi perdendo espaço para os ônibus automotores, principalmente para os "Super White" da Pernambuco Autoviária, de Vivi Menezes, que, além de serem equipados cin radiofonia para controle operacional, rodavam sob a responsabilidade de motoristas e cobradoras impecavelmente fardados. Por volta de 1953, com a decadência parcial da Autoviária, foi criada a Inspetoria Geral de Serviços Públicos que atuava mais como concessionária de linhas que na inspeção desse tipo de serviço urbano. Nessa época, só para se ter uma idéia dos descontroles, o Recife possuía 65 Empresas com apenas um único ônibus. Nesse período foi que surgiram as famosas lotações, logo apelidada pelo povo de "Sputinik", pois só faltavam voar no trânsito do Recife e de Olinda.

Os Saudosos Ônibus Elétricos


Ainda neste bairro, na Avenida Suassuna n° 393 pode ser vislumbrado o casarão onde funcionou a Fábrica de Tecidos de Seda de Pernambuco (TSAP), patrocinadora do Íbis Futebol Clube, que, curiosamente, tem como símbolo a ave que alimenta do bicho da seda. Dois bares/restaurantes marcaram época nesta localidade:

O BURACO DE OTÍLIA

Funcionou, inicialmente, em uma das palafitas que existíam na parte final da Rua da Aurora, até a década de 1960. O prato mais famoso desse estabelecimento "excêntrico" era a galinha de cabidela, preparada e, muitas vezes, servida pela própria Otília, uma cozinheira de mão cheia.
O restaurante continuou funcionando, por muito tempo, na mesma Rua da Aurora, não mais no casebre demolido na área humanizada pelo então Prefeito Miguel Arraes, mas em uma casa que já foi residência do Sr. José Pontes, proprietário do:

BAR DO ESPANHOL

No início, o espanhol José Pontesreunia alguns amigos em sua própria residência localizada na Rua da Aurora, como vimos. Posteriormente, motivado pelos dotes culinários de sua conterrânea e esposa, Zé Pontes abriu um bar que servia não somente pratos da culinária espanhola como da terra que o acolheu. O primeiro estabelecimento se chamava "Porta Larga" e ficava na Rua Cambôa do Carmo, onde posteriormente se instalou o Galo D'ouro.
Tempos depois, o "Espanhol" transferiu seu bar para a Rua do Lima e, ai, com a costumeira frequencia de artistas e jornalistas das redes de rádio e televisão instaladas nas proximidades não faltavam, principalmente nos sábados, a partir do meio-dia, os violões e os cantores que, num prolongado "almoço" com pratos caseiros e bebidas, se estendia até à noite. Em seguida, o bar se transferiu para a Cruz Cabugá e com o falecimento de seu proprietário, deixou de funcionar.